CAUSA DE BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO DO SERVO DE DEUS DOM MANUEL MENDES DA CONCEIÇÃO SANTOS

Coragem e Confiança!

O despertar vocacional de Manuel Mendes da Conceição Santos

Quando a idade o permitiu, Manuel Mendes da Conceição Santos começou a aprender as letras, na sua terra natal e, aos 9 anos de idade, vai para casa do seu tio-avô, o Padre Joaquim Duque, humanista de grande saber, residente em Carvalhal da Aroeira, concelho de Torres Novas, onde se preparou para o exame da instrução primária. Mas a sua mente e o seu coração estavam muito mais à frente, estavam no mundo dos grandes clássicos latinos e no estudo sério e fecundo das línguas latina e portuguesa, desvalorizando aquilo que era essencial para o exame da instrução primária. Resultado: chumbou no exame. Porém, no ano seguinte, superou com distinção os exames de Instrução Elementar e Complementar.

Aos 14 anos, sentindo o chamamento ao sacerdócio, o jovem Manuel Mendes inicia a sua caminhada vocacional desejando, por isso, entrar no Seminário de Santarém, o que se ia tornar difícil, pelo facto de a sua família não ter posses económicas para pagar a sua formação naquele estabelecimento de ensino. O seu pai escreve ao Patriarca de Lisboa, pedindo que o seu filho entre no Seminário na categoria de aluno gratuito, carta esta escrita à mão por Manuel Mendes (pai) com data de 02 de agosto de 1890, na qual consta que “Manuel Mendes, casado com Maria da Conceição Mendes, atualmente residentes em Torres Novas, que tem um filho, por nome Manuel Mendes da Conceição Santos, que muito deseja seguir a vida eclesiástica e como não posso acorrer à sua educação, pela falta de meios como mostra pelos documentos, que junta, pede a Vossa Eminência se digne admiti-lo gratuito no seu piqueno Seminário”. A este pedido de seu pai, juntou-se uma carta de recomendação escrita e assinada por Padre José Marques Ventura, coadjutor de Torres Novas, a 31 de junho de 1890 na qual atesta que “Manuel Mendes da Conceição Santos tem sido e é de bons costumes e aptidão para a vida eclesiástica”. Do mesmo teor segue uma carta de Padre João Luciano Saraiva, endereçada ao Patriarca de Lisboa.

Tal pedido é aceite por D. José Sebastião Neto, sendo admitido no Seminário Patriarcal de Santarém a 11 de agosto de 1890.

Fruto dos seus estudos anteriores, “entrando para o Seminário com uma apreciável reserva de conhecimentos adquiridos no ensino doméstico, no fim do primeiro ano, em que fez quase todos os exames dos três primeiros anos do curso de preparatórios, foi classificado com notas muito honrosas e nos outros quatro anos com “Distinção”, “Accessit” ou “Prémio”. Nos exames de Francês e Filosofia foi aprovado com louvor e nos outros de preparatórios sempre com distinção, como nos descrevem os “Anais Torrejanos”.

Logo no começo foi considerado, por colegas e professores, como uma criança de invulgar talento e de uma inteligência precoce. Mas, crescendo em idade e sabedoria, Manuel Mendes cresce também em graça, sendo, por todos, considerado um jovem de virtuosa moralidade, destacando-se sempre pela candura do seu olhar e pela modéstia do seu viver, pela sua piedade despretensiosa e comunicativa, pela sua lhaneza e conversas sempre úteis e edificantes, pela ausência completa de orgulho, como testemunha Mons. Francisco Maria Félix, num depoimento a seu respeito.

As duas palavras que caraterizam o jovem seminarista, nesta fase da sua vida, são “talento” e “bondade”. “Poesia sem lira, nua como o coração, simples como a primeira palavra, sonhador como a noite, luminoso como o dia, rápido como o relâmpago, imenso como a extensão, Manuel Mendes era, sem dúvida, dos que atraíam sobre si, sem disso se aperceber, a atenção, o respeito e a simpatia dos companheiros”, aproveitando, cada momento, para mais se identificar com Cristo, que crescia em sabedoria, em estatura e em graça.

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